Caseira de fazenda vê queda de hélice de helicóptero em GO:
'Saí gritando'
Uma das hélices do helicóptero da polícia, que caiu na zona
rural do município de Piranhas, no sudoeste de Goiás, na terça-feira (8), foi
localizada perto de um lago dentro da Fazenda do Boi, próxima à casa de um
funcionário da propriedade.
A caseira Carmelita Almeida afirma ter visto quando a hélice
se desprendeu. “Eu vi a hora em que ele [o helicóptero] estava no ar e caiu a
hélice. Eu saí correndo e gritando para que as crianças saíssem de dentro da
casa. Depois, ouvi o baque da queda e vi que subiu uma fumaça”, conta.A chegada dos investigadores do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) é nesta quarta-feira (9). Enquanto esperam, aeronaves sobrevoam a região da Fazenda do Boi, no município de Piranhas (GO), em busca de mais destroços.
O Corpo de Bombeiros está ajudando nos trabalhos e confirma que novas buscas estão sendo feitas pelo ar. “Como um corpo foi arremessado, queremos verificar a possibilidade de que isso tenha acontecido com outros corpos. Após a liberação do Cenipa, todos os corpos serão removidos e encaminhados ao IML”, afirma o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Carlos Helbingen.
Segundo o gerente de Operações da Polícia Civil, Carlos
Roberto Teixeira, a aeronave estava com o tanque cheio. O suficiente para a
viagem de volta para Goiânia, mas a pane surgiu pouco tempo depois da
decolagem. “Provavelmente, se tivesse apresentando algum defeito, não estaria
voando”, observa.
MoradoresO fazendeiro Edmar Vilela fez parte do grupo de moradores da região que apagou o incêndio do veículo. Vilela conta que ele e mais duas pessoas que estavam em sua propriedade viram a aeronave cair bem próximo de onde estavam. "Ele [helicóptero] deu várias piruetas e sumiu. O meu primo ainda gritou que ele estava caindo e que iria morrer todo mundo. Aí ele já virou de ponta cabeça”, diz Vilela. Os três foram até o local do acidente e, ao chegar lá, havia muito fumaça. Logo o veículo começou a pegar fogo.
Segundo ele, quando chegou próximo ao helicóptero, moradores de propriedades rurais vizinhas já estavam no local. Eles decidiram apagar as chamas e começaram a carregar, em baldes, água de um córrego próximo ao local da queda. A preocupação, de acordo com o fazendeiro, era que houvesse corpos sendo queimados ou até mesmo que o fogo se alastrasse para as fazendas.
De repente, segundo Vilela, eles começaram a ouvir vários disparos vindos da aeronave e tiveram de interromper o trabalho. "Com certeza havia muitas armas ali dentro e, com o fogo, foi explodindo tudo", relata o fazendeiro. Quando os tiros terminaram, eles retomaram o trabalho e apagaram o incêndio.
Vítimas
A aeronave transportava para Goiânia os participantes da reconstituição da chacina que aconteceu no último dia 28. Segundo a Secretaria de Segurança Pública de Goiás, as vítimas são: o superintendente da Polícia Judiciária de Goiás, o delegado Antônio Gonçalves Pereira dos Santos; os delegados Bruno Rosa Carneiro, Osvalmir Carrasco Melati Júnior, Jorge Moreira da Silva e Vinícius Batista da Silva; os peritos criminais Marcel de Paula Oliveira e Fabiano de Paula Silva; além do principal suspeito do crime, Aparecido de Souza Alves.
Até as 9h30 desta manhã, apenas o corpo do delegado Vinícius Batista havia chegado ao Instituto Médico Legal (IML) de Goiânia. Segundo a diretora da Polícia Científica, Rejane Silva Sena Barcelos, ainda não há previsão para a chegada dos corpos das demais vítimas, já que o local do acidente é de difícil acesso.
Equipes de Iporá e Rio Verde participam do resgate. A
corporação montou um centro de comandos no local com geradores de energia para
facilitar o trabalho de localização e remoção dos corpos.
LutoO governador Marconi Perillo decretou luto oficial de três dias, devido à tragédia de Piranhas. O delegado-chefe da comunicação da Polícia Civil, Norton Ferreira, explica que, do ponto de vista do atendimento ao público, esta quarta-feira (9) será um dia de trabalho como outro para a corporação. No entanto, ele admite que não há como encarar este dia com normalidade.
Reconstituição
A Polícia Civil de Goiás retomou, na manhã de terça-feira, a reconstituição da chacina. O crime aconteceu no dia 28 de abril, em uma fazenda onde sete pessoas morreram degoladas.
O superintendente da
Polícia Judiciária em Goiás, o delegado Antônio Gonçalves, e o delegado de
Doverlândia, Vinícius da Silva, estavam responsáveis por conduzir o segundo dia
dos trabalhos de reprodução simulada dos fatos. Na primeira parte da
reconstituição, realizada na última quinta-feira (3) com a coordenação da
delegada-geral de Polícia Civil, Adriana Accorsi, os investigadores
teatralizaram, com ajuda de dublês, as duas primeiras mortes: do proprietário
da fazenda e do filho dele, mortos dentro da casa.
Na terça, a polícia
decidiu usar manequins para representar as cinco vítimas mortas na área externa
da propriedade. Segundo Antônio Gonçalves, o mudança tem como objetivo facilitar
os trabalhos. "Nestas cenas, os corpos serão arrastados no pasto. Com
manequins fica mais fácil", explicou o delegado.Suspeito
Assim como no primeiro dia da reconstituição, o principal suspeito do crime, Aparecido Souza Alves, foi a Doverlândia acompanhar os trabalhos. "Ele vai falando o que aconteceu, enquanto os peritos vão encenando, filmando e fotografando", detalhou Gonçalves. Segundo ele, como não há nenhuma testemunha visual dos fatos, essa era uma importante prova técnica para desvendar o caso.
Aparecido, que confessou ser o autor da chacina, chegou a
dizer que matou as sete vítimas sozinho. Mas, durante o primeiro dia da
reconstituição, disse ter tido ajuda no pai durantes as execuções. A hipótese,
apesar de ainda estar sendo investigada, é considerada "difícil",
pela polícia. "O pai dele alega que esteve em uma cooperativa até as 15h.
Ele teria que ter andado 15 quilômetros a pé em menos de uma hora para estar na
fazenda na hora em que o crime começou", disse o superintendente na
segunda-feira (7).
No mesmo dia, Aparecido passou por novos exames psicólogos.
O objetivo era traçar o perfil do
suspeito, que já havia mudado a versão dos fatos por diversas vezes, tanto
sobre a participação de pessoas quanto à motivação. A única certeza da polícia
era que o jovem cometeu os crimes, pois com ele a polícia encontrou o celular
de uma das vítimas, roupas sujas de terra e de sangue, além dele ter deixado na
casa do pai duas armas, uma delas roubada na fazenda.Crime
No último dia 28 de abril, sete pessoas foram degoladas em uma fazenda na zona rural de Doverlândia. Morreram o dono da fazenda e o filho dele, um caseiro da propriedade e dois casais que haviam ido visitar o fazendeiro. Três pessoas estão presas. Segundo a polícia, eles foram ouvidos e negaram participação no crime.
com informações da tv anhanguera
edição: anapolisGOnews
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