Única unidade de saúde com leitos para tratamento de
dependentes químicos em Anápolis com atendimento pelo SUS, o balanço do ano de
2011 do Hospital Espírita de Psiquiatria (HEP) dá uma noção do tamanho do
problema das drogas na cidade. Embora a grande maioria dos viciados não passe
nem perto de um centro de recuperação, e parte deles acaba morrendo por
problemas de saúde em decorrência do consumo de entorpecentes ou por
envolvimento na criminalidade, a rotatividade no HEP foi alta.
Segundo dados do Hospital Espírita, no ano passado 1.543
dependentes estiveram internados em um dos 120 leitos disponíveis para esse
tipo de tratamento. Deste total, 730
procuraram ajuda médica por consumo de drogas ilícitas, em sua maioria – cerca
de 80% – pelo vício em crack. É uma média de 60 internações por mês, duas por
dia. Levando em conta o número geral, de 1.543 pacientes, esse índice sobe para
quatro internações diárias, o que representa 120 mensalmente.
As internações por dependência química têm um número alto e
significativo, e representa mais da metade do total de pacientes internados no
HEP no ano passado.
Além dos 120 leitos para dependentes, o HEP mantém outros
221 para aqueles que sofrem de transtornos mentais. Do total de 341 vagas,
somente 21 são para pacientes vindos de convênios ou particulares. A quantidade
disponível para os usuários de entorpecentes, quando comparada com a quantidade
de internações no ano, demonstra o quão rotativa é a passagem dos pacientes
pelo hospital. 80% dos pacientes que tenham envolvimento com a substância
voltam às ruas e acabam tendo recaídas. A taxa de ocupação do HEP foi de 100%
em todos os períodos do ano passado.
O usuário típico de crack é pobre, tem baixa escolaridade e
possui entre 20 e 40 anos de idade. Ele gasta todo o dinheiro que tem para
consumir a droga, não tem acesso a tratamento e não costuma abandonar o vício
por problemas de saúde. Sabe-se ainda que a droga não se concentra apenas nas
grandes metrópoles e se espalha cada vez mais pelas cidades do interior.
Os dados são de levantamentos encomendados pelo Ministério
da Saúde e pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), como parte do Plano
Integrado para Enfrentamento do Crack e outras drogas. A ação promete, entre
outras coisas, que até 2014 serão oferecidos mais 2.462 leitos no SUS com
enfermarias especializadas em usuários, construção de 175 Centros de Atenção
Psicossocial para Álcool e Drogas (CAPSad) funcionando 24 horas por dia,
implantação de 408 centros de acolhimento de adultos usuários e 166 para
jovens, além de 11 novos centros de
referência para capacitação de profissionais especializados em combate,
prevenção e educação em todo o Brasil.
O HEP terá um fôlego nas suas contas. A instituição que
vinha tendo déficits mensais e até ameaçou fechar as portas conseguiu, por meio
de convênios com o Município e o Estado, recursos para manter o atendimento. Em
dezembro o hospital recebeu R$ 50 mil da Prefeitura de Anápolis – o repasse foi
referente ao convênio que prevê a destinação de R$ 200 mil em quatro parcelas.
O Governo do Estado também tem um convênio com o hospital,
no qual irá repassar o valor de R$ 1,2 milhão. Como os recursos deveriam ter
sido enviados desde o mês de julho, o HEP deve receber de uma vez só R$ 600 mil
nos próximos dias.
fonte: Marcos Aurélio Silva
edição: anapolisGOnews
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