Delegado conclui inquérito que tem quatro indiciados pelas
falhas
O titular do 2º Distrito Policial vai encaminhar, dentro dos
próximos dias, ao Poder Judiciário, o relatório sobre o inquérito policial
instaurado, a pedido do Ministério Público, para apurar possíveis
irregularidades envolvendo a edificação do Supermercado Bretas, localizado na
passagem do Bairro Jundiaí para o Jardim Europa/Anápolis City.
Diante dos fatos apurados no curso do inquérito, considerados
de natureza grave pelo policial a peça a ser remetida ao Poder Judiciário pede
o indiciamento da SEI Empreendimentos e Participações S/A e do engenheiro da
empresa Marcelo Gonçalves de Souza Lima, com base no artigo 60 da lei 9.605/98;
do Secretário Municipal de Meio Ambiente e Agricultura, Luiz Henrique Fonseca e
do técnico da secretaria Sérgio Luiz de Araújo Ramos, o primeiro com base no
artigo 67 e o segundo com base nos artigos 67 e 69-A da mesma lei.
No curso do inquérito, segundo o delegado Carlos Antônio da
Silveira, foram ouvidas as pessoas envolvidas e juntada ao procedimento uma
série de documentos, dentre os quais os planos de gestão ambiental e
gerenciamento de resíduos sólidos que foram apresentados pela construtora
responsável pela obra, que teve início no mês de junho de 2011. Segundo consta
do inquérito, o engenheiro Marcelo Gonçalves teria iniciado o serviço na
expectativa, conforme relatou o delegado, de que as licenças seriam concedidas.
Entretanto, em 15 de julho, a Secretaria de Meio Ambiente embargou a obra, que
ficou paralisada até 22 de setembro quando, então, foi lavrado um Termo de
Ajuste de Conduta (TAC), pelo qual, a empresa SEI se comprometia fazer uma
doação ao Município, de 15 mil metros quadrados de grama, como medida
mitigadora (ou compensatória).
“Ocorre que no mesmo dia que foi feito o Termo de
Ajustamento, a Secretaria do Meio Ambiente concedeu a licença ambiental de
movimentação de terra”, pontuou o delegado, destacando que a aquisição da grama
somente se deu no dia 28 de setembro, ou seja, a licença foi concedida antes do
cumprimento do acordo. Porém, o fato considerado mais grave pelo delegado, é
que a licença autorizava a terraplenagem em toda a área, inclusive, com a
possibilidade de aterros.
Outro fato mencionado no inquérito policial é que, quando a
obra estava ainda embargada surgiu um laudo (nº293), de 22 de agosto, deixando
claro que o Estudo de Impacto Ambiental realizado pela empresa estaria em
conformidade com a legislação e, portanto, o empreendimento estaria apto
conforme os projetos apresentados. Esse mesmo laudo - segundo o delegado Carlos
Antônio - não traz, de forma clara, a questão da existência, ou não, de
nascentes.
Porém, disse ele, consta nos autos que o assessor técnico da
Secretaria, Sérgio Ramos, teria afirmado a existência de nascente. Depois, o
mesmo assinou o laudo dizendo que estava apto. “Por esse motivo fizemos o
indiciamento”, frisou. Mais adiante, no mês de novembro, surgiu outro
documento, quando a obra já estava praticamente pronta, dando conta de que a
área a ser preservada no local da edificação seria de 6.468 metros quadrados.
Este relatório é datado de 16 de novembro de 2011.O delegado reforça que o indiciamento do secretário de Meio
Ambiente decorre do fato de que, mesmo conhecedor de todos os problemas
envolvendo a área, ele celebrou o acordo com a empresa e liberou o
licenciamento, mesmo antes do cumprimento do acordo, além de não ter tornado
mais efetivas as medidas fiscalizadoras de competência do órgão.
A empresa
também falhou, porque deveria ter atenção aos preceitos básicos da legislação
ambiental, que prevê, por exemplo, a distância de 30 metros do manancial, no
caso, o Córrego Água Fria. Para o delegado, os erros graves que ocorreram
poderiam ter sido evitados, caso, no início da obra, já estivesse sido
delimitada a área de preservação a ser respeitada.O delegado Carlos Antônio da Silveira informou que ainda
esta semana ou no início da próxima, o relatório do inquérito será remetido ao
Judiciário que, por sua vez, abrirá vistas ao Ministério Público para que sejam
apontadas e tomadas as medidas necessárias na área criminal. Ele não descartou
a hipótese de o caso ter novos desdobramentos.
Fonte: contexto
edição: anapolisGOnews
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