Anapolis, retira de lei orgânica atendimento a casos de aborto autorizados pelo Código Penal.
Considerada a principal cidade industrial de Goiás e
um dos maiores centros logísticos da Região Centro-Oeste, a cidade de Anápolis,
retirou de sua Lei Orgânica, a
constituição municipal, o parágrafo que previa o atendimento médico para a
prática do aborto de acordo com os casos previstos no Código Penal.
O código, de caráter nacional, não pune o aborto praticado por
médico se não há outro meio de salvar a vida da gestante e nem quando o aborto é
de gravidez resultante de estupro.
A decisão, tomada de forma unânime, na Câmara de Vereadores de
Anápolis, no 22 de fevereiro, 'sinaliza que a rede pública não vai prestar o
auxílio conforme a lei', adverte o presidente da seção goiana da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB-GO), Henrique Tibúrcio. 'Nossa preocupação é que os
médicos fiquem em dúvida e não socorram as pacientes', alerta.
Para o vereador Pedro Mariano (PP), autor da emenda que
extinguiu o atendimento do aborto, a decisão apenas suprime da Lei Orgânica,
regra que é não da competência municipal legislar. 'Temos que cumprir o Código
Penal, não é competência nossa', disse o vereador.
Em entrevista à Agência Brasil, ele disse que sua proposta
acolheu demanda do padre Luiz Carlos Lodi da Cruz, presidente do projeto
Pró-Vida de Anápolis, que, na definição do vereador, é 'um incansável defensor
da vida'. O padre entregou aos vereadores abaixo-assinado com mais de 1.300
assinaturas de fiéis da Igreja Católica que eram favoráveis à retirada do
parágrafo.
O presidente da OAB-GO destacou que a decisão da Câmara de
Anápolis não muda a obrigação dos médicos de prestar o atendimento e realizar o
aborto como prevê o Código Penal. Ele ressalta que quem recusar efetuar o
procedimento, conforme necessidade diagnosticada, 'pode responder criminalmente
por omissão de socorro', além de eventuais processos no Conselho Regional de
Medicina.
A OAB-GO vai entrar com um recurso na Justiça contra a decisão
dos vereadores. Henrique Tibúrcio disse que Anápolis 'dá um exemplo perigoso',
mas que 'não há sinalização' de que o mesmo tipo de decisão será seguido em
outros municípios. De acordo com Mariano, Anápolis é a primeira cidade do país a
tirar o aborto de sua legislação.
Segundo o Instituto Bioética, Direitos Humanos e Gênero
(Instituto Anis), em 2005, foram feitos cerca de 1 milhão de abortos inseguros,
volume que correspondeu a 30% dos nascidos vivos.
anapolisGOnews
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